Vulvodínia é um termo antigo, misógino, patriarcalista e desumano, que era utilizado para rotular mulheres que apresentavam dor na entrada da vulva, ou seja, um tipo de dor genital na entrada da vagina.
Apesar de ser uma dor sexual descritsa há décadas na literatura, a preoupação, ao que parece, nunca foi com a qualidade de vida desta mulher, com o sofrimento causado por esta disfunção sexual ou os impactos emocionais e sobre as atividades de vida diária: a preocupação, ao que parece, sempre foi com o fato de estas mulheres "não servirem sexualmente aos seus parceiros". Prova disso é o fato de, até hoje, o código civil e a igreja católica considerarem "consumação do matrimônio" o ato sexual em si e que, quando impossibilitado por exemplo por uma dor excessiva da mulher, pode servir de justificativa para a anulação do casamento no civil e religioso católico.
Estes motivos seriam mais do que suficientes para que o termo vulvodínia fosse não somente abandonado, mas veementemente repudiado. Contudo, finalmente, o termo deixou de existir nas duas classificações médicas mais importantes, a DSM-V (2014) e a CID-11 (2022), de modo que o termo vulvodínia, do ponto de vista técnico, tornou-se também obsoleto e, porque não, brega.
Enquanto uma em cada três mulheres sofre com dores genitais durante o sexo ou logo depois dele, cerca de uma em cada dez mulheres apresenta essa dor em forma de ardência ou queimação, e não somente durante o sexo, mas também no dia-a-dia: algumas mulheres descrevem essa dor em ardência na vulva ao vestir uma calça jeans, ao tentar tomar banho com água quente ou até mesmo para sentar. Apesar de tanta limitação, e tanto sofrimento, por muito tempo o tratamento para esse tipo de dor foi paliativo (ou seja, tentando melhorar alguma coisa, quando isso), porque o problema era considerado incurável, e a mulher deveria conviver com a dor pelo resto da vida!
Felizmente hoje já se sabe o que causa esse problema: aderências nas fáscias (aquela membrana branca que vemos em pedaços de carne) embaixo da pele da vulva, principalmente no espaço entre os pequenos lábios.
Dor na vulva é algo bastante comum, e pode ser encontrada em quase toda mulher quando examinada por testes específicos. Essa dor é causada por aderências nas fáscias (uma espécie de membrana branca que une um pedaço de tecido vivo no outro) da vulva. Quase toda mulher possui alguma dessas aderências na entrada do canal vaginal. Algumas podem ser assintomáticas, ou seja, que não se sente absolutamente nada. Mas para uma em cada cinco mulheres essas aderências podem se tornar sintomáticas, provocando dor na entrada do canal vaginal especialmente no começo da penetração. Neste caso, trata-se, portanto, de uma dor genital de origem conectiva, ou do tipo 2.
Mas para muitas mulheres essa dor na vulva pode incomodar muito mais do que durante o sexo: ela pode doer diariamente, até mesmo para sentar. Independente do tamanho da dor, ou de quanto problema ela cause no dia-a-dia, todas essas dores em adrência na vulva ou na entrada da vagina são causadas por aderências nestes tecidos conectivos que são as fáscias, uma espécia de mebrana esbranquiçada que compõe a pele. Conhecer exatamente o que causa este tipo de problema foi o que permitiu aos pesquisadores desenvoverem a sua cura!
Dores na vulva ou entrada da vagina sao causadas por aderências nas fáscias superficiais que compõem a vulva. Para resolver é necessária liberação miofascial específica e terapia cognitivo-comportamental também específica para estes casos.
De um modo geral o tratamento de dores genitais consiste em fisioterapia pélvica especializada.
Liberação Miofascial Pélvica
Quando perceber dor na vulva, a primeira coisa a se fazer é procurar um médico para descartar a possibilidade de estar com alguma infecção no local. Infecções podem ser tratadas facilmente com medicações específicas.
Porém, na maioria das vezes a causa destas dores não é infecciona, mas aderências nas fáscias da vulva. Estas aderências não podem ser tratadas por medicamento, mas necessitam de fisioterapia pélvica especializada, a partir de manobras de liberação miofascial específicas aplicadas por uma fisioterapeuta pélvica experiente.
O tratamento é realizado 100% com terapia manual, onde a fisioterapeuta mobiliza e traciona os tecidos da vulva de forma controlada, liberando progressivamente estas aderências. Estudos mostram que, quando realizado por profissional qualificada, são necessárias apenas cerca de quatro sessões para regredir por completo a dor (dor zero)!
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